“A segurança vai muito além do alvará na parede”, afirma especialista sobre a prevenção de incêndios

Autor: Thais Immig

“A segurança vai muito além do alvará na parede”, afirma especialista sobre a prevenção de incêndios

Fotos: Vinicius Becker (Diário)

O incêndio de grandes proporções que atingiu a estrutura do Colégio Marista, em Santa Maria, no último fim de semana, reacendeu o debate sobre a importância da prevenção e da segurança contra incêndios em edificações. Enquanto uma perícia especializada, vinda de Porto Alegre, irá apurar as causas e os danos estruturais do sinistro, especialistas destacam que o cumprimento da legislação e a mudança de comportamento no dia a dia são fundamentais para evitar tragédias.


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Em entrevista ao programa F5, da Rádio CDN, o engenheiro de segurança do trabalho Rosito Borges explicou que o Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndios (PPCI) é uma das principais ferramentas para garantir a segurança de prédios públicos e privados. Previsto em lei, o documento estabelece uma série de medidas obrigatórias, definidas a partir de critérios como tipo de ocupação, área, altura da edificação e carga de incêndio.

– As edificações são classificadas por ocupação, e cada uma tem particularidades. Escolas, hospitais e locais de reunião de público exigem atenção redobrada, justamente pela quantidade e pelo perfil das pessoas que utilizam esses espaços – destaca Borges.

No caso das escolas, o engenheiro ressalta que prédios com área superior a 750 metros quadrados ou com mais de 12 metros de altura devem contar, além do PPCI, com um plano de emergência. Esse plano define responsabilidades, procedimentos de evacuação, acionamento de socorro, desligamento de fontes de energia e treinamentos periódicos.

– O plano de emergência não pode ser um documento feito para ficar guardado na gaveta. Ele precisa ser atualizado, discutido com a comunidade escolar e colocado em prática por meio de treinamentos e simulados – afirma.

Rosito é engenheiro em segurança do trabalho

Outra exigência legal para esse tipo de edificação é a formação de brigadas de incêndio, com capacitação mínima de 20 horas. Os brigadistas recebem treinamento em prevenção, uso de equipamentos de combate a incêndio, evacuação e primeiros socorros. Para Rosito, investir na formação das pessoas é um dos pontos centrais da segurança:

– A segurança não se resume ao alvará na parede. Ela depende do comportamento diário, da vigilância constante, da manutenção dos sistemas e da capacitação das pessoas. Prevenção é antecipação.


Atenção à parte elétrica e aos hábitos cotidianos

Segundo estimativas citadas pelo engenheiro, cerca de 70% dos incêndios no Brasil têm origem elétrica. Por isso, cuidados com instalações, equipamentos e hábitos cotidianos fazem a diferença. Entre as principais recomendações estão contratar profissionais qualificados para serviços elétricos, evitar improvisações, não sobrecarregar tomadas e desligar aparelhos da energia quando não estiverem em uso.

– O excesso de zelo não é exagero. Tudo parece exagero até o momento em que acontece um incêndio – alerta.

O engenheiro também chama atenção para práticas comuns, como deixar eletrodomésticos ligados sem supervisão, utilizar extensões danificadas, carregar o celular continuamente na tomada ou manter decorações elétricas, como luzes de Natal, ligadas sem ninguém em casa. Em períodos de temporais, a orientação é redobrar a vigilância e, sempre que possível, desligar equipamentos da tomada para evitar danos causados por surtos elétricos.


Cuidados com o gás de cozinha

Outro fator de risco frequente é o uso do gás liquefeito de petróleo (GLP), conhecido como gás de cozinha. Em caso de vazamento, a recomendação é não acionar interruptores, não utilizar aparelhos eletrônicos e ventilar imediatamente o ambiente. Se o cheiro persistir ou houver insegurança, a orientação é evacuar o local e acionar o Corpo de Bombeiros. O questionamento surgiu após um incêndio seguido por explosão que aconteceu em São Sepé na noite de domingo (28). Três pessoas ficaram feridas.

– O GLP forma uma mistura explosiva quando se acumula no ambiente. Sentiu o cheiro, a prioridade é afastar as pessoas e garantir a ventilação – explica Borges.

Para o engenheiro, a legislação avançou significativamente após a tragédia da Boate Kiss, em 2013, mas ainda é necessário ir além do cumprimento das normas:

– A lei estabelece parâmetros mínimos. A segurança real está na atitude das pessoas e na cultura de prevenção.


Assista a entrevista completa: 


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